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quinta-feira, 26 de junho de 2014

AS JÓIAS DE CATARINA DE MEDICIS

Rainha francesa de origem italiana, Catarina nasceu em Florença no dia 13 de abril de 1519, filha de Lorenzo de Médici, duque de Urbino e da francesa Madeleine de La Tour D’Auvergne. Devido a um acordo entre o papa Clemente VII e o rei da França Francisco I, casou-se aos 14 anos com Henrique, segundo filho do rei francês. Durante os primeiros anos do casamento foi desprezada, por ser filha de uma “família de mercadores italianos” e por não conseguir conceber, mas teve ao todo 10 filhos com o marido, que assumiu o trono da França como Henrique II.
Durante toda a sua vida de casada, travou uma luta surda com a amante do marido, Diana de Poitiers. Com a morte de Henrique II e de seu filho mais velho, Francisco II, Catarina finalmente conseguiu que Diana devolvesse as jóias da Coroa, com as quais fora presenteada pelo amante (que para isso a havia nomeado “Guardiã das Jóias da Coroa da França”), a retirar-se da Corte e a trocar o belíssimo castelo de Chenonceau pelo muito menos belo castelo de Chaumont-sur-Loire. Com a ascensão ao trono francês do filho Carlos XI, ainda menor de idade, em 1560, Catarina tornou-se regente da França.
Tentou conter os conflitos religiosos que dividiam a França, procurando manter-se imparcial em relação aos protestantes (huguenotes), liderados pelo almirante Gaspar de Coligny, e aos católicos, liderados pelos poderosos Guise. A situação de guerra civil na França culminou com a violenta Noite de São Bartolomeu em 24 de agosto de 1572, quando Coligny foi executado e as tropas dos Guise mataram 300 mil huguenotes.
Durante o período em que permaneceu no poder (até 1574) e, mesmo ainda antes, foi uma apaixonada patronesse das Artes e entre suas principais realizações estão a ampliação do palácio do Louvre, residência então dos reis franceses, a construção do palácio das Tulherias e o aumento do acervo da biblioteca de Paris. Catarina morreu no castelo de Blois em 5 de janeiro de 1589.
As jóias, o vestido e os adereços que Catarina usa nesta pintura (de autor desconhecido) são muito representativos do Renascimento francês: o veludo negro do vestido é inteiramente recoberto com uma treliça feita de pérolas bordadas, contendo safiras e diamantes emoldurados em ouro em cada intersecção e sendo os espaços preenchidos por um desenho feito em fios de ouro.
A parte superior do vestido, espartilhada, contém um decote em meia lua recoberto, em ambos os lados, por uma fina gaze rebordada de pérolas e safiras. A gola alta é também em gaze enfeitada por bordados nas pontas e deixa à mostra somente a parte frontal do pescoço.
Um grande broche em ouro, diamantes, safiras e pérolas adornam a parte superior do vestido e dele pende um fio de pérolas, diamantes e safiras.
No pescoço a rainha usa um colar com pérolas, diamantes e safiras. Brincos de pérolas e diamantes adornam suas orelhas.
As mangas do vestido, da metade do braço até a metade do antebraço, estão cobertas por arminho. As mangas que cobrem os braços até as mãos dão a impressão de que fazem parte da roupa usada por baixo do vestido negro, mas são falsas, já que na verdade estão costuradas ao arminho. De mesma cor e tecido, seda rosa - clara, estão decoradas seguindo o mesmo padrão de design do vestido, mas são também rebordadas com fios de prata que formam um segundo padrão e possuem botões de ouro e diamantes para ajustar o cetim branco que sobressai das mangas.
A saia da roupa inferior segue o mesmo padrão de estilo das mangas falsas. Na cintura traz um longo cinto feito de fios de pérolas, safiras e ouro e em cuja ponta pende uma cruz feita em ouro e decorada com diamantes, safiras e pérolas. O adorno de cabeça, conhecido como “capuz francês”, é decorado com as mesmas gemas que enfeitam as vestes da rainha e bordado com fios de ouro e prata. Na mão direita, Catarina segura um grande leque de penas de avestruz e ouro, também decorado com as mesmas pedras preciosas que estão em sua roupa.

*Julieta Pedrosa - carioca, arquiteta formada pela UFRJ, pós-graduada em Análise de Projetos pela FGV, e com vários cursos em áreas da joalheria, é designer de jóias e professora de História da Joalheria e de Gemologia Básica em Brasília, DF, onde mora. Suas jóias exibidas em cidades do Brasil( Rio de Janeiro, Belo Horizonte São Paulo e Brasília), Portugal (Lisboa e Coimbra), Espanha ( Madrid), França ( Lyon), Itália (Vicenza), Suiça( St Gallen) e China ( Hong Kong), privilegiam as linhas curvas, a fauna e a flora brasileiras.
e-mail: 
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